O andamento musical é determinado pelo movimento ritmado das patas nas folhagens, das unhas nos galhos, dos focinhos no chão, dos bicos em cantigas.
É um dinâmico movimento teatral, numa encenação de bichos com penas verdes, amarelas, azuis, pretas, vermelhas, branca e semi-tons especiais.
Ainda neste sagrado manto vegetal se escondem onças, sucuris, cascavéis, patos selvagens, morcegos, tamanduás, ratões, araras, periquitos, tucanos, papagaios, macacos raros e milhares de espécies ameaçadas de extinção,... como muitas "tribos indígenas" e, na continuidade das devastações indiscriminadas e irresponsáveis, até - atingir - toda raça humana. E a destruição das espécies ainda não catalogadas e nem estudadas? Até que ponto a Natureza resistirá à tantas agressões? As próprias lendas, Iara, o Boto, a Currupira, o Boiúna, o Irapurú, não são folclores ameaçados?
Num clorofílico labirinto com peixes raros, orquídeas lindas, vitórias régias, jacarés e piranhas, - que fascinam e dão medo – a vida prossegue equilibradamente. São rios, ilhas, praias, canais, baias, restinga, manguezais, que fusionam água e nuvens, terra e céus, numa singular, faustosa e migratória paisagem Amazônica.
Ossos e carcaças, espinhos, chifres e dentes, galhos e conchas marinhas constituem parte dos restos de vida orgânica, descrevendo e dimensionando a magnitude da constante "luta das espécies."
As lentes fotográficas ou filmadoras são incapazes de fazer uma gravação tão criteriosa, quanto às impressões captadas pelos olhos do espírito. A alternância das águas e terras, em igapós e igarapés geram dúvidas, no significativo "ballet" destes elementos: são as terras que mergulham na paisagem? ... Ou as águas que se escoam e somem? Estes não são muitos dos segredos, magias e mistérios guardados pela Confraria zôo-botânica do Amazonas?
Há muito que se estudar, pesquisar e realizar de concreto pela preservação dos fascinantes ecossistemas Amazônicos. Mas, será que a apocalíptica devastação continuará gananciosamente? Isto não consagra um flagrante desrespeito à Constituição do Brasil e às Leis, Tratados Internacionais promulgados e amparados em "Declarações"? As coisas continuarão impunes até a morte do último bicho? ... Ou extinção do último tronco de árvore?
( Jornal "A Opinião Pública" – Pelotas, RS. 20 / 02 /1991 )
Dr. Gilnei Fróes – Gestão Ambiental, Médico-veterinário, ecólogo, amazonólogo, coordenador do Programa "SOS" Planeta Terra. Em 1990, indicado ao "The Rolex Awards" (Suíça) e ao "The Global Awards
Autor de projetos ambientais internacionais.
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