Num coro ensaiado às pressas, a letra da canção ( de "Dobela") dizia: "Tudo é tão lindo, mar aberto, céu azul / Uma história na memória, foi aqui que tudo começou / O índio canta com amor e liberdade / Tem paz, tem tranqüilidade, tudo como começou / Correm riachos de água pura, cristalina / Caça, peixes, passarinhos, fauna, flora, que beleza / Mas chega o homem com uma idéia assassina / Querendo fazer Usina pra acabar com a Natureza / O que será da nossa fauna, nossa história? / Progresso chegando, Natureza indo embora / Usina não, usina não, usina é poluição."
Na segunda parte, ironicamente, dizia: " O que será dos nossos campos sem mais flores? / O que será das nossas praias poluídas / Nossas águas já sem vida / O que será dos pescadores / O que será da nossa fauna, nossa História / Progresso chegando, Natureza indo embora / USINA NÃO / USINA NÃO, USINA não, Usina é poluição."
Nosso movimento, nossa exigência, nossa participação era de restaurar a Memória Nacional, numa cidade "Monumento da Humanidade". Ademais, foi ali que chegaram nossos antepassados e foi ali que nosso País – ironicamente – começou a sua História. A social, com a implantação dos "marcos de posse" territorial, depois da esquadra de "Pedro Álvares Cabral", consolidando a descoberta de fato, em rota de viagem anteriormente feita pelo navegador lusitano "Estevão Fróes", em 1496, documentados na "Torre de Tombo", em Portugal.
E a história de nossos descasos ambientais, representada pela devastação de nossa fabulosa "Floresta de Pau-Brasil"?...extinta? Permitir-se-á a devastação de outro santuário histórico-ambiental do país? Assim, na tentativa de ampliação da discussão com a Sociedade, retardando, protelando e até mesmo conseguindo-se impedir a implantação de um " Pólo Alcooleiro " no extremo Sul da Bahia, abrangendo também os municípios de Santa Cruz Cabrália, Teixeira de Freitas, Medeiros Neto e Nova Viçosa.
Em decorrência desta nefasta intenção pseudo-desenvolvimentista, aconteceria a "poluição do ar" ( com os maus cheiros característicos); "contaminação dos rios e parte do Oceano Atlântico" ( pelo vinhoto e resíduos ); bem como o completo extermínio dos ricos ecossistemas aquáticos, dos inúmeros manguezais da região.
Provando que a causa era justíssima, nosso grupo denominado "Movimento de Defesa do Município de Porto Seguro" ( com um peixinho dentro de um círculo, como símbolo logotipo ) até obteve muito apoio do Poder Político, tanto da "Prefeitura Municipal", como da "Câmara Municipal de Vereadores", onde obtivemos uma vitória com a aprovação da Lei N° 06, de 18 de maio de 1984 ( Que estabelece a proibição de implantação de industrias de alto poder poluentes). No mesmo ano, outra conquista expressa na "Lei N° 08 de 23 de Outubro de
Então, os questionamentos e reivindicações da sociedade não são justos? O meio ambiente não é defensável em qualquer parte do Planeta Terra? Não é possível se obter progresso sem destruição ambiental? E um carnavalzinho fora de época, não chama atenção dos Meios de Comunicações? Quem sabe, os brasileiros precisam aprender a botar o bloco na rua, por nobres causas ambientais?
No caso de Porto Seguro, os potenciais de Turismo Ecológico e Científico, não seriam extintos também? Hotéis, restaurantes e pousadas não entrariam em falência? E a falência dos "ecossistemas", mananciais e paisagismo com ricos patrimônios zôobotânicos, tem que ser tão fraudulenta assim?
Neste momento, quantas praias bonitas estão sendo vítimas da poluição industrial e urbana? Quando haverá uma " Polícia Meio-Ambiental " para sustentar a aplicação das leis de proteção ambiental? Quando não mais houver Natureza? ...Ou depois do Apocalipse?
( Publicado: Diário da Manhã, 10 de Fevereiro de 1991 / "Gazeta da Liberdade" - Salvador, Bahia)
gestor ambiental, ecólogo, amazonólogo e coordenador do Programa
Internacional "SOS" Planeta Terra. Em 1990, indicado ao "The Rolex
Awards" (Suíça) e ao "The Global 500 Awards (Kenia), por entidades de SC
e RS. Premio de Jornalismo da Brigada Militar do Estado do Rio Grande
do Sul, com o artigo "TAIM: Paralelo 33... ameaçado!" Autor do livro "Dossiê da Amazônia". Presidente do "Instituto Bering Fróes Eco Global".
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