Com a inauguração do Eco Clube, estive junto com meu pai-ecólogo, tirando fotografias, registrando experiências. Já no segundo evento, quase dois anos depois, tirei fotos com pessoal de ONGs da Argentina (ONE / Organização Nacional de Ecologia), com o Secretário de Meio Ambiente de Toledo, e o tio Luiz Carlos Ávila. Na reunião vivi a discussão das diversas maneiras e formas de que os jovens latinos podem fazer em benefício de suas cidades ou comunidades, com Educação Ambiental.
Porém a conclusão que cheguei é de que, só pouquíssimos adultos que chegam ao poder político (... como prefeitos, vereadores, deputados e até na Presidência da República) estão preparados (...com capacidade e conhecimentos científicos!) para trabalhar pela causa ambiental, que é uma questão de sobrevivência dos ecossistemas (florestas, animais, recursos naturais, água, etc...) e seres humanos do Planeta Terra.
Quando meu pai – nos anos 60 – tinha 12 anos subiu numa árvore de "Ipê Roxo" para tentar impedir a derrubada de 13 quadras em canteiros centrais da Rua Osório, em Pelotas. (...em protesto nem entendido, pois as pessoas não falavam em Ecologia) passou por moleque, mal educado e coisas assim. Esta foi a maluquice dele! Hoje isto é normal no dia à dia do "Greenpeace". É um tipo de "marketing" da luta de defesa da natureza, para chamar atenção das pessoas, ONGs e políticos, para não matar baleias, ou envenenar os oceanos com lixo radioativo.
Em 1990, (depois de 30 anos!) meu avô Eduardo, comendo uvas no terraço e falando com meu pai, confessou: "Agora entendo aquela tua travessura das árvores na Rua Osório. Continue. Mas cuidado que os interesses sempre falam mais alto."
Explico a surpresa de meu avô, porque (em 1990) meu pai foi indicado a dois Prêmios no Exterior e obteve um expressivo "Prêmio de Jornalismo, promovido pela Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul", com um valioso artigo da série "SOS" PLANETA TERRA , (com o nome TAÍM: PARALELO 33° ... AMEAÇADO" , defendendo aquela reserva no caminho da fronteira para a República do Uruguai.
Hoje ele tem projetos diferentes. E a diferença sempre foi a marca registrada dele. É presidente de uma ONG que poderá ajudar comunidades, pessoas e governos. Porém, a sociedade continua tão individualista como na época em que ele subiu naquela árvore. É uma pena que – hoje com meus 12 anos – minha geração mais crítica, mais preparada, mais estudada, mais cheia de responsabilidades precoces, tem poucas árvores para subir e tem piores problemas ecológicos de herança.
E o pior! O despreparo científico dos candidatos em eleições - QUE NEM FALAM DE Ecologia -- assustam minha indefesa geração. Continuaremos vítimas do poder... despreparado? Será que vão me denunciar ao Conselho Tutelar por pensar, escrever e querer um mundo melhor para todos?
Em setembro farei 13 anos. E só faltarão três anos para poder votar. Mas aproveitando pergunto: Por que com 16 anos , posso votar e não ser votado?
Minha geração poderá ser mais preparada. Mas como aceitar as coisas do jeito que estão empurradas para a gente? Por favor me expliquem! Por que para ser médico, arquiteto ou advogado, é preciso ter estudado na faculdade? E por que para ser político – e resolver problemas de saúde, ecologia, economia, etc..., ou da cidade – não se precisa ser "nada"?
Meu pai adora o pensador "Barão de Itararé", que escreveu: "Não é triste mudar de idéias; o triste é não ter idéias para mudar." Meu pai continua com suas lutas para promover mudanças e consciência ecológica. A minha geração tem mais informações, mais tecnologias e mais perigos
( venenos, radiações, etc...) do que a época de infância do meu pai e seus amigos. Mas parece que o mundo está às mil maravilhas, pois ninguém quer fazer nada.
Eu, aproveitando o encontro com Ziraldo na FAG, na semana passada, começo a minha travessura diferente, em um jornal... para continuar nossas lutas por um planeta melhor. Perdoem a minha inocência, - ou travessura moderna – mas só tenho 12 anos!
Mas prometo aos meus bons professores: continuarei estudando, lendo bastante e me preparando... mesmo fazendo uma piadinha, ou às vezes, conversando na aula. Mas todas crianças são uma mistura do "Menino Maluquinho": " Ele era muito sabido, ele sabia tudo, a única coisa que ele não sabia era como ficar quieto."
Com o escritor "Ziraldo", em noite de autógrafos , junto com meus pais e irmãos, pude aprender e valorizar outra lição: o futuro é amanhã. Mas, se nós não sabermos defender a vida e a natureza como ( amanhã ) teremos futuro?
Cristian Bering Fróes
(PUBLICADO no jornal HOJE, página 13 - Cascavel, 04 de setembro de 2004)
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